quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Dias...

Há dias em que trabalho num gabinete contíguo a outro onde trabalha uma senhora que tem o poder de me pôr os nervos em franja, mesmo sem termos qualquer contacto visual. Há que dizer que as condições não são as melhores, pois os gabinetes estão separados por uma placa (em contraplacado?) que não isola nada o som. Quando digo nada é mesmo nada. Eu ouço-a a teclar, tenho sustos de morte quando ela espirra, mas o auge da irritação é quando ela fala ao telefone. Não interessa se está a falar com a mãe, com a vizinha ou com um(a) colega de trabalho, a frase inaugural do discurso é sempre a mesma: "Olá, tudo bem?". Mas num tom para lá de afectado, a que, não raras vezes, se juntam os adjectivos: querida, fofinha, entre outros extremamente exagerados para tratar meros(as) colegas de trabalho.
E como se o tom das conversas não fosse suficientemente ridículo e inusitado, ainda me prenda com temáticas muito interessantes, uma destas tardes foi passada a escutar 1001 telefonemas para locais que ofereciam actividades extra-curriculares para crianças. Nessa tarde percebi que é mais difícil arranjar uma actividade extra-curricular compatível com a vida atarefada de uma criança que tirar uma senha na Segurança Social e ser atendido no mesmo dia. Já hoje foi o dia de telefonar para as colegas a informá-las que lhes tinha enviado um email (parece que este meio de comunicação por si só não é o suficiente) onde se pedia a atenção das pessoas para o desaparecimento de um senhor que, por sua vez, era pai de uma sua conhecida.
Para além do sem número de telefonemas que ela efectua do telefone do serviço, ainda há a somar a musiquinha do seu telemóvel e os apitos sempre que recebe mensagens. E eu, do outro lado, a tentar concentrar-me no trabalho, não consigo deixar de pensar que só o meu telefone é que não toca e eu bem precisava que ele tocasse.

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