terça-feira, 27 de março de 2012

José Saramago

E pronto, o Caim já está todo lido, também o livro não é grande e os atrasos da CP, parecendo que só dão cabo dos meus planos, sempre me ajudam a ler mais. É notória a diferença que existem entre o Clarabóia, escrito numa fase muito anterior, e esta obra escrita já em plena maturidade: a pontuação não é a convencional, mas não é por causa disso que se deixa de compreender seja o que for, está lá tudo, é só preciso ler com a devida atenção e concentração (já dizia o outro que estava concentradíssimo). Eu cá, se não for para ler com atenção nem sequer chego a abrir o livro e sou vulnerável àquelas conversas que se passam mesmo ao meu lado nos transportes públicos e que me irritam solenemente nesses momentos. Resumindo e baralhando, gosto de ler José Saramago e acho que ele escreveu este trecho a pensar em mim:
"Ao contrário do que geralmente se pensa, o burro é um grande conversador, basta reparar nas diversas maneiras que tem de zurrar e resfolegar e na variedade de movimentos das orelhas, nem todas as pessoas que montam jumentos conhecem a linguagem deles, daí que aconteçam situações aparentemente inexplicáveis como postar-se o animal no meio do caminho, imóvel, e dali não sair nem que o moam à pancada. Diz-se então que o asno é teimoso como um burro quando afinal do que se trata é de um problema de comunicação, como tantas vezes sucede até entre os humanos."

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