sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Nascer em 1986

Nasci nesse belo ano de 86, o ano em que aderimos à União Europeia, o ano do acidente nuclear em Chernobyl, o ano decretado pela ONU como Ano Internacional da Paz e bla-bla-bla. Muito mais haveria a dizer sobre os acontecimentos que marcaram esse ano, no entanto, não foi essa enumeração que me levou a escrever estas linhas. Na verdade, tenho dado comigo a pensar que ao longo destes 27 anos tenho feito tudo de forma regrada e dita normal: estudei que me esfalfei, nunca deixei uma ano, nem sequer uma cadeira (até agora!) para trás, levantei-me cedo para ir para uma escola longe de casa, entrei na faculdade e, de repente, quando terminei a licenciatura, os empregos na minha área já eram uma coisa rara. Fiz o mestrado e entretanto tenho tido a sorte de ter estado quase sempre a trabalhar, mas, justamente neste momento em que me mentalizava e já me preparava para ingressar num programa de doutoramento, as bolsas sofreram os cortes de que todos temos conhecimento e, das duas uma, ou isto muda muito e no próximo concurso vai haver mais bolsas, ou serão muito poucas as bolsas atribuídas na área das ciências sociais e humanas, o que equivale a dizer que nunca hei-de conseguir um financiamento para levar a cabo um projeto de doutoramento. Concluindo, apesar de todo o esforço que tenho investido em tudo aquilo em que me envolvi até agora, parece que sempre que chega a minha vez, já não há nada para mim. Deve ser mais ou menos como correr atrás do arco-íris, encontrar o pote e perceber que ele está vazio e não há ouro para ninguém.

1 comentário:

  1. Patrícia, sofremos do mesmo mal. Doupor mim a pensar que de tanto que estudei, mais vslia ter ido para medicina, matemática... também sou desta área e até então nunca me faltoutrabalho. Cheguei a ter três empregos, sendo um efectivo. Mas decidi desistir de tudo para seguir apenas a investigação, dedicando-me apenas ao doutoramento. E qual não é minha surpresa... zero! E se as letras vão mal, nem te conto as poucas bolsas que foram para as ciências. Enfim... será que melhorará? Ou vou pensar fazer outra coisa da vida? Começar do zero, porque voltar às letras... passará a hobbie! Vê lá que país temos.

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